Bom 2010 pra todo mundo.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
2000inove: retrospectiva do ano que não inovou
Bom 2010 pra todo mundo.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Recado do Cronista
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
O novo amanhecer
“Quando a gente conversa, contando casos, besteiras. Tanta coisa em comum, deixando escapar segredos”.
Ela entraria no banho também, me chamaria de bobo e nós faríamos amor banhados pela água fria do chuveiro e pelos primeiros raios mornos da manhã.
Antes de sair para trabalhar, eu passaria no quarto do meu filho e diria:
- Vamos lá, garotão! Tá na hora de ir pro colégio.
Ele relutaria por alguns instantes, mas logo se levantaria animado com a idéia de que iria ao colégio aprender coisas novas. Aos oito anos ele já leria Shakespeare, Drummond e García Lorca. Também veria Chaplin e Woody Allen. Eu teria tempo suficiente para levá-lo ao colégio, pois os homens não seriam mais escravos do relógio. Trabalhariam de chinelos, bermuda e camiseta. Nada de ternos e gravatas. Eu trabalharia cantando a vida em verso e prosa, recriando o mundo a cada milésimo de segundo, exatamente como agora.
Quando chegássemos ao colégio, eu seguraria meu filho pelos ombros e, olhando bem em seus olhos, diria:
- Cuide-se, garoto. Seja um bom menino, do contrário não vai ter sorvete de sobremesa. Papai ama você. Tchau.
Depois de me despedir do infante com um beijo na testa, eu partiria para o trabalho. Iria a pé mesmo. É que daria gosto caminhar pelas ruas. Não haveria assaltos, pois não seria necessário roubar para comer. Não haveria favelas, e sim lares. Não encontraríamos mendigos nas ruas, eles não estariam nelas. Estariam amando suas mulheres, educando filhos, construindo vidas. Seriam homens. Não haveria crianças nos sinais, elas estariam nas escolas. Não haveria classes, nem partidos, nem guerras, nem fome, nem miséria. A exploração e a desigualdade não existiriam, a propriedade seria abolida. Teríamos horizontes, não fronteiras. As pessoas não cuspiriam insultos; declamariam flores. Não existiria tempo para as lágrimas da dor. Não marcaríamos o tempo da solidão, ele não existiria.
Eu chegaria ao trabalho cumprimentando calorosamente meus companheiros. Seriam companheiros de sonhos, companheiros de vida. Seriam seres humanos. Trabalharíamos por prazer, o suficiente para sermos felizes. Construiríamos a vida da mesma forma que um poeta constrói amores. Depois do trabalho, eu iria correndo para casa. Não por estar atrasado para algum compromisso, e sim porque minha família estaria me esperando para o almoço. Da esquina, eu sentiria o cheiro bom do feijão. Entraria sorridente em casa e me sentaria rapidamente à mesa. Teríamos uma mesa farta, assim como todas as outras pessoas do mundo. Após nos entupirmos de sobremesa (sorvete, lembra?), iríamos os três tirar um cochilo. Sabe como é, né? É bom dormir de barriga cheia.
Acordaríamos nos limites que separam a preguiça da disposição, mas satisfeitos. Meu filho, sabido como todas as crianças, já teria adiantado os exercícios do colégio e estaria doidinho para ir jogar uma bolinha na rua da frente. Não sem antes ler um pouco de Neruda, é claro. Sairíamos para o campinho da rua da frente dispostos a marcar muitos gols, e marcaríamos. Sabe como é, né? Seríamos bons de bola. Jogaríamos até que não pudéssemos mais ver os próprios pés de tanta sujeira que haveria neles. Quando voltássemos para casa, suados como uns porquinhos, minha mulher nos empurraria à força para o banheiro, dizendo ser nossa imundice motivo incontestável para a imposição.
Já de banho tomado e cheirosos, partiríamos juntos para um programa de fim de tarde. Caminharíamos animados pela orla. A brevidade da vida não seria problema, a beleza simples de seus momentos faria a humanidade feliz o suficiente para abrir um sorriso. Ficaríamos hipnotizados com o ir e vir das ondas, a brisa do mar beijaria nossos rostos, o pôr do sol celebraria o fim da solidão humana. Perceberíamos a harmonia do mundo todas as vezes que abríssemos a janela do quarto, que pegássemos um ônibus, que déssemos um bom-dia. Ao lado de minha mulher e de meu filho, eu perceberia com clareza real a emancipação da condição do homem enquanto bicho amante e ser vivo pensador. As vidas se cruzariam constantemente. Todo homem reconheceria a si mesmo em outro homem. Nenhum homem seria estranho a outro homem. Um chinês cumprimentaria um brasileiro, que cumprimentaria um russo, que por sua vez cumprimentaria um angolano. Seria sempre o mesmo cumprimento: “Olá, camarada!”. Estaríamos livres dos grilhões do nosso próprio egoísmo e a humanidade seria uma mulher de cabelos vermelhos com flores nas mãos.
Voltaríamos para casa mais leves do que as nuvens, com um carnaval nos corações e já pensando como celebraríamos a vida amanhã. Cinemas, teatros, bibliotecas... À mesa do jantar, comemoraríamos o nascimento de um novo amanhecer. O amor e a liberdade seriam sempre os pratos principais do cardápio. Beberíamos, comeríamos, dançaríamos, sorriríamos como nunca em nossas vidas. Por baixo da mesa, eu esfregaria meu pé no de minha mulher, num convite ousado para mais tarde. Após o jantar, eu passaria no quarto de meu filho para verificar-lhe o sono. Dormiria tão tranqüilamente que eu poderia até ouvir os ruídos de seu coração e de seus sonhos. Beijaria sua testa e sairia na ponta dos pés. Feito isso, partiria correndo para meu quarto. Iria me empenhar de corpo e alma – sobretudo corpo! – na mais prazerosa atividade física da natureza humana, através da qual estendemos nossa existência.
Bem é verdade que o mundo pareceria perfeito demais, mas eu nunca ouvi falar de alguém que tivesse tido um sonho imperfeito.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
A caneta de cinco cores
- Pai, preciso de outra caneta. Esta não funciona mais.
- Amanhã eu compro, filho. – respondeu sem tirar os olhos do jornal.
- Mas tem que ser igual a do Maurício.
- Por quê?
- Porque ela é grande, bonita e tem cinco cores.
- Cinco cores?! – assustou-se.
- Isso mesmo, pai. Cinco cores.
- Desculpe, filho. Deve ser muito cara. Eu não posso comprar.
- Por quê?
- Porque nós somos pobres.
- Mas só nós?
- Não, filho. Um montão de gente também é.
- E é ruim ser pobre?
- É, filho.
- Por que é que o pai do Maurício pode comprar a caneta?
- Ele deve ser rico.
- Existe muita gente rica?
- Acho que sim, filho.
- Mais do que pobres?
- Com certeza que não.
- E é bom ser rico?
- É, filho.
- Por que é que as coisas são assim?
- Assim, como?
- Uns podem ter. Outros, não. Uns são ricos e outros são pobres. Por quê?
Alfredo pensou, coçou novamente a barba e respondeu:
- São as regras, meu filho.
- Regras? – estranhou o garoto.
- Sim. O mundo tem suas regras. São elas que dizem o que a gente pode ou não fazer.
- Também são elas que dizem quem é pobre e quem é rico? – quis saber o menino.
Alfredo balançou a cabeça numa afirmativa.
- Não gosto das regras, pai.
- Eu também não, filho. Eu também não.
Fez-se um curto silêncio e, então, o menino disse:
- Sabe o que é que eu acho, pai?
- O quê?
- Que o bom mesmo seria que todo mundo pudesse ter canetas de cinco cores.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
2012
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Jurassic Park
Parece que, por mais que o tempo avance, ainda existem situações e setores sociais que insistem em nos puxar para o buraco, para o retrocesso. Algo como um retorno a épocas remotas, medievais, jurássicas até. Acho, inclusive, que há pessoas que adorariam voltar para dentro das cavernas. O caso da estudante de Turismo da Uniban, Geisy Arruda, agredida por usar um vestido curto dentro da universidade, é um daqueles exemplos que nos faz reviver os tempos do “uga-buga”. Mas não é só isso. Lamentavelmente, a barbárie de São Bernardo do Campo revelou – da pior forma possível – que a violência machista segue nos perseguindo e perturbando, como uma espécie de sombra do grotesco.
Quando vi, pela primeira vez, as cenas que mostram a estudante sendo assediada por uma multidão enlouquecida, juro que pensei estar vendo o Animal Planet, da Discovery Channel. Sim, porque não eram pessoas naquele vídeo. Eram animais, gritando, uivando, subindo pelas paredes. Os diversos e medonhos xingamentos, recebidos pela moça, mostraram quanto atraso nós ainda temos nesta sociedade. E o pior: demonstraram, também, que o machismo não é um problema dos séculos passados, já que esta mesma sociedade não pode viver sem transformar mulheres em objetos consumíveis e descartáveis.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
O morro veio nos chamar...
Dia e noite, a fúria dos grandes centros urbanos nos persegue como se fosse uma sombra eterna, dando a entender que, por mais que a gente se vire, ela sempre vai estar no nosso encalço. Parece com aquele pesadelo inacabável que insiste em nos interromper o sono, cotidianamente. Um sono que, via de regra, já é sobressaltado. Um sono de quem sabe que não pode dormir.
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terça-feira, 20 de outubro de 2009
Pobre Yurinho
- Sai fora, Yurinho. Você só sabe chorar e mentir. – dizia eu.
- Mas eu quero!
- E você tem o que querer aqui, seu cagão?!
- É isso mesmo. Sai fora, Yurinho. – meu irmão completava.
- Sério?! Jura?! – surpreendeu-se o chato.
- É sério, sim. – disse meu irmão.
Aí o Yurinho se animou e já ia abrindo o portão quando eu o interrompi:
- Calminha aí, Yurinho. Calminha aí. Você pode jogar, mas com uma condição.
- Que condição?
- Pois é. – disse eu.
- O quê?
- Oi. Posso jogar com vocês?
Meu Deus do Céu! Era o Yurinho.
- Yurinho! É você mesmo?! Não pode ser! – eu gritei.
- Como não pode ser, João?! Cala essa boca! Graças a Deus que é ele! Yurinho! – gritou também o meu irmão.
- Poxa. Não sabia que vocês gostavam tanto assim de mim.
- Ah, você realmente não sabe o quanto. – falei.
Depois da recepção emocionada, o Yurinho explicou o próprio sumiço.
- Fiquei doente. Vermes, sabe? Sério mesmo.
- Verdade? Que coisa estranha, hein?! – argumentei.
- Pois é. Comecei a ficar amarelo.
- Jura? A gente nem notou. – disse meu irmão.
- Sabe, fiquei tão doente que quase morri.
- Mas não morreu! Vira essa boca pra lá, Yurinho! O importante é que você não morreu! – falei com toda convicção.
- Isso mesmo. Que bom que o Yurinho não morreu. E a gente nem precisa mais falar disso. É hora de jogar bola. Vamos jogar bola. – propôs meu irmão.
Aí o Yurinho já estava indo pegar uma pedra quando eu gritei:
- Ei! O que pensa que vai fazer?!
- Ué, chupar uma pedra pra poder jogar.
- Yurinho, larga já essa pedra! Pelo amor de Deus! Larga isso já!
domingo, 11 de outubro de 2009
We have bananas!
Diante da minha perplexidade, ele se apressou:
- Oh, sorry. Do you speak english?
Ihh. O cara é gringo. – pensei. E era mesmo. Com sotaque perfeito e tudo. Para não passar vexame, tentei arranhar alguma coisa.
- Oh, no muito. More or less, entende? Meu inglês não ser very good. Você não speak minha língua?
- Eu ser um turista inglês. Meu mala ser roubado em seu terra. – disse isso e me passou um pequeno papel, com um risinho meio constrangido.
- Oh, thank you very much. – me disse ele, todo emocionado.
- Como? Very macho? Quem não é macho aqui, rapaz?!
Mas o pobre turista inglês se adiantou a corrigir o mal entendido.
- Eu querer dizer o-bri-ga-do.
- Ah, bom. Sendo assim, tudo bem. Não tem de quê.
E lá se foi o gringo.
Na hora, fiquei furioso. Respondi na bucha:
- “Excuse me, please” é o cacete, rapaz!
Era o gringo da outra semana. Lá vinha ele com o mesmo bilhetinho e a historinha pilantra. Que ladrão safado! Tinha me dado um golpe com aquela conversa de turista inglês roubado. Fiquei muito puto. Inglês son of the bitch da peste.
- Tu é muito cara de pau “mermo”, né? Tu tá achando que a gente é trouxa?! Que é só chegar aqui falando inglês e passar a perna nos outros?! We have bananas, tá ligado?!
- I don't understand, sir! I don't understand, sir!
- Not understand uma ova, rapaz! Vou te mostrar uma língua que todo gringo safado entende.
- Help, help, help! – gritava o ladrão.
- É ele! É ele! Eu sei que é ele! Me roubou outro dia com essa conversa mole. – eu gritava desesperado.
Como as pessoas não me soltavam, o larápio do gringo acabou escapando. Mas eu continuava gritando, por entre os braços que me seguravam:
- Come back, seu ladrãozinho de merda! Come back! The book is on the table, rapaz! Fuck you! E mother fucker também! Tá pensando que é só assim?! Na minha terra é diferente, ouviu?! We have bananas, man! We have bananas!
Natal ainda vai me matar.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Detalhes
Ela sorria e dizia para a minha mãe:
- Uma graça esse seu filho, né?!
Ela riu, provavelmente achando graça da postura de homem que eu estava querendo assumir.
- Nossa idade, querido.
- Mas por quê? Só por que você tem 22 anos e eu tenho 12?! Isso é só um detalhe, Luana.
Você duvida? Eu não.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Dona Ritinha
Teve três filhos. Dois meninos e uma menina. De seu marido, não sei nada. Não sei se está vivo, morto ou entrevado. Já dos filhos, sei que os criou com todo o afeto que as mães possuem, mesmo as piores e mais desatentas. O amigo que me falou de dona Ritinha me disse que ela é uma pessoa muito amável e faladeira. Adora contar histórias. Registra tudo que pode em sua memória idosa. É a resistência da tradição das narrativas orais, muito comuns entre os velhos de tempos mais velhos ainda.
Outro dia, o tal amigo me fez conhecer uma história sobre a própria dona Ritinha. Depois de criados, os filhos desta velha senhora se foram. Tomaram seus rumos. Cada qual seguiu seu caminho. Um a um, foram deixando a casa onde cresceram sob os cuidados da mãe. E dona Ritinha os viu partir como se fossem pedaços que se desprendem do corpo com o tempo. Quando deu por si, estava só, cheia de ausência numa casa que parecia dobrar de tamanho com o passar dos anos. É verdade que os filhos mandavam notícias, apareciam de vez quando. Mas não era a mesma coisa.
Um dia, dona Ritinha resolveu pôr a casa para vender, com plaquinha de “vende-se” e tudo na porta. Começaram a aparecer interessados. Gente querendo olhar a casa, saber das condições e do preço. Dona Ritinha mostrava tudo. Falava dos cômodos, das instalações, do encanamento e da excelente fiação elétrica da casa. A velha senhora havia cuidado de seu lar como cuidara dos filhos e passava horas conversando com os possíveis compradores sobre as maravilhas do lugar. Entretanto, o negócio sempre esbarrava no preço.
Dona Ritinha cobrava uma fortuna pela casa. Os anos passavam e ninguém comprava o imóvel, embora quase toda semana aparecessem compradores interessados. Mas o alto valor sempre impediu a venda. Até hoje a plaquinha de “vende-se” continua na fachada da casa. Dia desses, porém, o tal amigo que me contou a história quis saber quanto dona Ritinha pedia pela casa. Ficou abismado.
- Mas também com um preço desses a senhora não vai conseguir vender nunca.
- E quem disse que eu quero vender esta casa, meu filho?
- Então por que diabos a senhora pôs essa placa de “vende-se”?
- Porque, graças a ela, de vez em quando aparecem pessoas para conversar comigo e me fazer companhia, mesmo que por algumas horas.
Sei que não há leis para isso, mas acho que deveria ser proibido ficar sozinho nessa vida.
domingo, 6 de setembro de 2009
O mercado das almas
domingo, 30 de agosto de 2009
A hora do cartão vermelho
Gostei dessa história do cartão vermelho. Foi uma boa sacada do Suplicy. Eu deveria ter pensado nisso antes. Entretanto, meu cartão vermelho não é apenas para José Sarney. É para todo o Senado. Para o Suplicy, inclusive. Por mim, iriam todos mais cedo para o chuveiro (quer dizer, já iriam tarde). E chuveiro, aqui, é só um eufemismo. Para os senadores, o termo correto é cadeia mesmo.
O arquivamento das acusações contra Sarney já era esperado, assim como o engavetamento das denúncias contra o tucano Arthur Virgílio. Costurando o velho toma lá, dá cá, Lula provou mais uma vez que, de fato, é um pizzaiolo de mão cheia. Ninguém investiga ninguém e todo mundo fica na moita. Sabe como é, né? É preciso ter cautela. Se o povo resolve ir às ruas... já viu!
Mas eu espero, honestamente, que ninguém no Brasil tenha apostado que, dessa vez, o Conselho de Ética iria ser, digamos, ético. Se alguém apostou, quebrou a cara. E se apostou dinheiro então... ui. Enfim, que justiça pode haver quando os bandidos são os próprios juízes? Afinal, corrupto que é corrupto tem seu próprio código de ética.
Confesso que desde que a crise política do Senado começou, há mais ou menos seis meses, passei a assistir a TV Senado com maior frenquência. Não vou esconder que os emocionantes bate-bocas se tornaram, para mim, atrações irresistíveis. Até pipoca com refrigerante eu pego na hora das sessões. Esses dias, porém, fiquei pensando em como tornar mais divertida a brincadeira. Aí tive uma ideia.
Lembrei que uma das possibilidades da TV Digital diz respeito a uma interatividade entre o espectador e o programa jamais vista antes. Na mesma hora, pensei como seria bacana poder interagir com os senadores durante as sessões. Já pensou nisso? Qualquer safadeza que as excelências dissessem ou fizessem, você, do outro lado da tela, no conforto do lar, apertaria uma tecla no controle remoto e o senador escolhido receberia um choque elétrico na cadeira. Ou ainda: ao apertar uma outra tecla, uma enorme mão-robô desceria do teto do Senado e acertaria um safanão na cabeça do senador de sua escolha. Ou, quem sabe, fosse até possível acertar uns tomates e ovos podres também. Bom, as possibilidades seriam ilimitadas.
Mas, provavelmente, o projeto não daria certo. O divertimento não compensaria os custos. Além do mais, muitas pessoas – assim como eu – não fariam outra coisa da vida a não ser dar choques e safanões biônicos em senadores. Enfim, o melhor mesmo é fechar aquela espelunca. Cartão vermelho neles!
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E tem aquela do cara que ligou para a Rádio Senado, querendo pedir uma música.
- Alô? É da Rádio Senado?
- É sim, senhor.
- Pô, toca aí a mais pedida.
- A mais pedida?
- É, cara. Aquela que começa assim: “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”.
Taí. Poderia até virar uma campanha nacional.
Ligue você também para a Rádio Senado e peça a mais tocada da semana!
Bom, é só uma ideia.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Uma guerra silenciosa
Talvez algumas pessoas ainda não tenham se dado conta, mas existe uma guerra sendo travada todos os dias na grande rede de computadores. Naturalmente, você já ouviu falar que hackers são aqueles sujeitos que invadem computadores, sistemas de segurança e causam prejuízos gigantescos para uma série de circuitos no ciberespaço. Gente que rouba senhas, altera contas de bancos e ganha fortunas com a desgraça dos outros.
domingo, 16 de agosto de 2009
A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho
Machista declarado, talvez até incorrigível, o Gilmar é o tipo de sujeito que não perde a chance de soltar uma piadinha infame. Pode perder tudo. Os amigos, a namorada, a vergonha na cara, o respeito. Só não perde a piada. Por pior que seja. E parece que a situação ficou ainda mais absurda depois que o Gilmar descobriu um livro que conta as autênticas origens dos contos de fadas. Falando, assim, ninguém acredita. Mas, segundo o Gilmar, as histórias da carochinha são, na verdade, tramas fantásticas que envolvem traição, sexo e violência.
Na semana passada, para minha surpresa, recebi por e-mail um texto no qual o Gilmar “revela” a verdadeira e cabeludíssima história de Chapeuzinho Vermelho. Se você tem menos de 18 anos, desligue o computador, tome seu leitinho e vá dormir. Abaixo transcrevo o texto na íntegra. Mas cuidado! O Gilmar não tem escrúpulos.
- Chapeuzinho, por que não vai levar uns docinhos para a vovozinha?
- Outra vez, mamãe?! Não faz nem dois dias que eu fui lá.
- Ora essa, menina! Vai me desobedecer? E depois não custa nada você ir novamente.
- Tá, tudo bem. Eu vou. Mas não sei qual o motivo de querer que eu a visite tantas vezes.
- Não é nada demais. – disse a mãe, ainda mais nervosa – E não demore nem mais um minuto aqui. Vá indo, vá!
- E não se esqueça! Vá pelo bosque. É o caminho mais longo, mas é o mais seguro. Se for pela floresta, você pode ser apanhada pelo Lobo Mau.
Agora você deve estar imaginando que a mãe de Chapeuzinho estava preocupada com a segurança da filha, não é? Errado de novo. Ela queria mesmo é que a filha demorasse bastante para voltar. Só assim teria tempo de sobra para aproveitar com o amante.
- Para onde vai garotinha? – quis saber o Lobo.
- Vou levar uns docinhos para minha vovozinha, Seu Lobo. – respondeu Chapeuzinho com um dedo na boca e uma voz dengosa.
Bom, essa parte da história você conhece. O Lobo arquiteta um plano, chega primeiro na casa da vovozinha, come a velha e espera Chapeuzinho na cama, já fantasiado. Batem na porta. Toc, toc. Vem a voz de dentro da casa:
- Quem é?
- Sou eu, vovó. Sua netinha.
- Entre.
Já diante do Lobo, Chapeuzinho fala:
- Te trouxe uns docinhos.
- Tire a roupa! – diz o Lobo.
- Como?
- Isso mesmo! Não perca tempo, tire logo a roupa!
- Mas e as preliminares?
- Sem essa de preliminares, o caçador vem aí. Vamos!
- Assim eu não quero.
- Você não tem o que querer. Vamos logo!
- Nossa! Que boca grande!
- É pra te comer!
- Vem, Malvadão.
E Chapeuzinho foi comida.
Fim.”
Assim que terminei de ler o texto, fiquei chocado. Imediatamente, enviei uma resposta ao Gilmar, dizendo que achava tudo aquilo um tremendo absurdo. Ele estava destruindo a singeleza de uma das mais belas histórias da literatura universal, além – é claro – de estar assumindo uma postura machista.
No dia seguinte, o Gilmar me responde o e-mail:
“Sei que você deve estar assustado e incrédulo com tudo isso, mas é a mais pura verdade. Quer dizer, a mais suja verdade. Não acredita em mim, não é? Pensa que tudo não passa da imaginação fértil de um pervertido qualquer, não é? Está enganado! Se não acredita, então me diga por que é que Branca de Neve tinha que se perder justamente numa floresta e encontrar logo a casa de sete anões? Por que não sete anãs? Hein?! Hein?! Responda!!!”.
É fato. O Gilmar não tem escrúpulos. E depois dessa também não tem mais jeito.