Por João Paulo da Silva
Quando era criança, lá pelos doze
anos, eu costumava jogar bola com meu irmão no terraço da nossa casa. Ficávamos
horas brincando de chute ao gol. Como não tínhamos autorização para jogar na
rua, aquela acabava sendo a nossa diversão. Mas a gente até que gostava. Só não
gostávamos mesmo era do Yurinho, o vizinho da frente. Ô moleque chato.
Ele sempre aparecia no portão lá
de casa, pedindo pra jogar com a gente. Ficava um tempão implorando e enchendo
o saco. Foram poucas as vezes em que permitimos. Eu e meu irmão tínhamos um
motivo para não deixá-lo jogar. Qualquer coisinha o Yurinho chorava. Se levava
um frango, chorava. Se perdia um pênalti, chorava. Se tomava uma bolada mais
forte, chorava. E o pior: saía correndo e gritando que a gente tinha batido
nele. Quer dizer, além de frouxo, o Yurinho também era mau-caráter.